UX Brasil — Previsões para 2020

Felipe A. Carriço
4 min readDec 20, 2019

Algumas previsões de UX para o Brasil de 2020

Muitas das coisas neste artigo certamente já figuraram em listas de outros anos. Contudo, creio que 2019 nos deu boas dicas de quais destas previsões possivelmente se transformarão na nova realidade dos profissionais de UX no Brasil.

1) Interfaces conversacionais

Com a chegada da assistente da Amazon ao Brasil, a Alexa, o cenário de interação com dispositivos inteligentes provavelmente mudará bastante por aqui. Além disso, nosso mercado está vivendo seu primeiro boom de inteligências artificiais e robôs de atendimento, as quais vêm substituindo parte das posições de teleatendimento e chat.

Ou seja, os UX brasileiros precisam estar cientes de que conversar com máquinas não é só papo-furado, mas uma realidade crescente e necessária.

2) Internet das Coisas

Além da conversação com assistentes, nossos dias estarão ainda mais conectados à rede por meio de inúmeros dispositivos eletrônicos sensíveis.

O 5g, tecnologia que possibilita a aplicação de IoT (Internet of Things), promete chegar por aqui apenas em 2021, mas é em 2020 que precisamos começar a nos adaptar a esta realidade.

Se um bom design é aquele invisível ao usuário, precisamos ser capazes de compreender suas utilidades e aproveitarmos ao máximo seus recursos, diminuindo atritos e entregando experiências mais inteligentes aos nossos usuários.

3) Pervasividade social

Cerca de 97% dos acessos à internet no Brasil foram realizados via smartphones (números de 2018), o que mudou a maneira das empresas encararem suas aplicações por aqui, criando-as pensadas para o acesso mobile, fato que vem causando uma mudança no comportamento das massas.

Hoje, mais de 70% da populações do Brasil possui algum acesso à internet; acesso que compreende metade da nossa população rural e das classes D e E. Ou seja, as disparidades tecnológicas entre ricos e pobres vem diminuindo consideravelmente ano após ano, e o acesso a dispositivos móveis mais baratos e mais potentes deu verdadeira inclusão digital para populações que antes não possuíam qualquer acesso a informação.

O “filtro de classes” que antes era criado naturalmente devido ao acesso privilegiado a desktops e notebooks aos poucos vem deixando de existir, obrigando que os profissionais de UX consigam entregar soluções mais inclusivas do que nunca, sem grandes distinções.

4) Realidade Virtual, Aumentada e Mista

Com a disseminação de dispositivos móveis mais potentes em todas as camadas sociais, a utilização destes 3 tipos de realidade virtual será ainda presente.

Definindo as três de maneira bem simplificada: realidade virtual (VR) é a imersão em ambientes digitais, realidade aumentada (AR) é a interação de objetos reais em ambiente virtuais, e a realidade mista (MR) é a interação mutua entre objetos reais e virtuais em ambos os ambientes. Apenas para exemplificar, o jogo Pokemon Go é uma aplicação de realidade aumentada, pois trás elementos digitais para o mundo real.

Acredito que teremos um crescimento destas tecnologias não apenas devido projetos recentes das Big Techs envolvendo dispositivos de VR e AR (Facebook, Google, Oculus), mas também devido outros jogos icônicos que vão pelo mesmo caminho.

Nas classes mais altas, com acesso a super-computadores (muito caros), temos o lançamento do jogo triplo A “Half-Life: Alyx”, construído exclusivamente para os dispositivos VR mais potentes do mercado, enquanto de maneira mais homogênea em todo o território global temos o jogo Minecraft Earth de AR (já disponível parcialmente no Brasil), uma das franquias mais lucrativas da atualidade.

Ambos os jogos jogarão luz novamente sobre este tema, fazendo com que em 2020 nós tenhamos que prestar atenção redobrada nas possibilidades que se abrem. Talvez uma nova corrida tecnológica se inicie nestes campos em 2020.

5) Microcomunidades

Por último, vislumbro que em 2020 a construção de comunidades de micro nichos será uma realidade constante, bem como sua gestão e manutenção.

Como demonstrado neste artigo, o acesso facilitado a dispositivos móveis está nos conectando a um novo mundo de possibilidades, mas nos separando em nichos de interesses bem específicos no processo.

Em meio à cacofonia das redes sociais, surgem os grupos pequenos e engajados de todos os tipos. O próprio Facebook lançou no final de 2019 uma forte campanha de marketing fomentando os grupos dentro de sua plataforma, o que demonstra uma tendência neste sentido, a qual não pode ser negligenciada pelo design de experiência dos usuários enquanto unidade de negócio dentro das empresa e agências. Afinal, pode ser que o novo pote de ouro da comunicação das marcas esteja nas microcomunidades.

E para você? Quais são os pontos que nós UX brasileiros precisamos prestar atenção no ano de 2020?

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