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O 'Futuro' do Design: Navegando Entre a Generalização e a Especialização

Felipe A. Carriço

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A prática do design tem evoluído significativamente nas últimas décadas, levando a uma fragmentação em diversas especializações. Com essa evolução, surge uma questão fundamental: ainda é possível falar em uma área de design universal? Este artigo defende que não. Cada empresa, como um ecossistema único, requer características específicas na prática de design, adaptadas às suas necessidades e aos contextos dos seus usuários. Exploraremos como essa diversidade influencia a prática do design, por que a especialização é crucial e a dicotomia entre designers generalistas e especialistas.

1. A Diversidade das Necessidades Empresariais

Cada empresa possui um ecossistema próprio, moldado por seu setor, mercado-alvo e estágio de maturidade. Por exemplo, uma startup de tecnologia pode necessitar de um design ágil e iterativo, enquanto uma empresa de serviços financeiros demanda um design rigoroso e regulamentado. Empresas como Google, Apple e Amazon exemplificam essa diversidade de abordagens: no Google, o design é centrado em dados; na Apple, é focado na estética e experiência; e na Amazon, na funcionalidade e eficiência. Essas diferenças demonstram que uma abordagem universal de design é impraticável. A prática do design deve ser adaptável e específica às necessidades individuais das empresas, reforçando a ideia de que não existe um “tamanho único” no design.

2. A Complexidade do Comportamento Humano

O comportamento humano é diverso e complexo, o que torna desafiador encaixotá-lo em categorias rígidas. Cada indivíduo possui peculiaridades únicas que devem ser consideradas no processo de design. As disciplinas de design aprendidas em cursos fornecem uma base, mas não são suficientes para atender todas as necessidades específicas de diferentes públicos, classes sociais e faixas etárias. Isso mostra a limitação de aplicar uma abordagem homogênea de design para todos os contextos.

3. A Necessidade de Especialização no Design

A especialização no design é uma tendência crescente, com designers focando em áreas específicas como redação para UX ou pesquisa de usuários. Esse foco permite um conhecimento mais profundo e uma abordagem mais precisa, resolvendo problemas complexos de maneira mais eficaz e inovadora. No entanto, essa especialização deve ser equilibrada com a necessidade de designers generalistas, que possuem uma visão ampla e a capacidade de conectar diferentes aspectos do design, adaptando-se a uma variedade de situações e desafios.

A Dicotomia entre Designers Generalistas e Especialistas

A dicotomia entre generalistas e especialistas não é uma questão de escolher um sobre o outro, mas sim de entender como eles podem trabalhar juntos de maneira complementar. Generalistas possuem uma visão abrangente e a capacidade de adaptar-se a diferentes contextos, enquanto especialistas trazem um conhecimento profundo que pode resolver problemas específicos.

Essa colaboração entre generalistas e especialistas pode criar um ambiente de design mais robusto e adaptável, capaz de enfrentar uma ampla gama de desafios. Generalistas podem identificar quando é necessário trazer um especialista para resolver problemas específicos, enquanto especialistas podem aprofundar-se em questões técnicas e detalhadas.

4. O Desafio da Formação e Empregabilidade de Designers

Formar designers capazes de atuar em todas as áreas e contextos é cada vez mais difícil. Cada problema de design requer um repertório específico de habilidades e conhecimentos. O mercado muitas vezes vê o designer de maneira pasteurizada, como se fosse uma figura única, mas as empresas enfrentam desafios para compreender o melhor perfil de designer para suas necessidades específicas.

Além disso, a longevidade do designer dentro de uma empresa é questionável. Um designer pode ser muito eficaz por um período, mas pode precisar se especializar ou ser substituído à medida que as necessidades da empresa evoluem, criando um problema de empregabilidade. Promover a contínua aprendizagem e adaptação é crucial para garantir que tanto generalistas quanto especialistas possam evoluir com as necessidades do mercado.

Conclusão

A prática do design deve ser flexível e adaptável, integrando tanto os princípios básicos universais quanto as especializações necessárias para atender às complexidades e variações das necessidades humanas e empresariais. Cada empresa é um ecossistema único, e a prática de design deve refletir essa diversidade, oferecendo soluções específicas e eficazes para cada contexto. Equilibrar a adaptabilidade dos generalistas com a profundidade dos especialistas pode garantir que o design não apenas responda às necessidades de cada empresa e seus usuários, mas também evolua continuamente para enfrentar novos desafios. O mercado e os designers precisam se adaptar a essa realidade, promovendo um ambiente colaborativo onde diferentes perfis possam coexistir e complementar-se mutuamente.

Fontes:
Google — Material Design: Material Design Documentation
Apple — Human Interface Guidelines: Apple Human Interface Guidelines
Amazon — Working Backwards: Working Backwards on Amazon AWS

Este artigo foi concebido numa parceria entre humano e ia.

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